COLONIALIDADES INSCRITAS NAS FALAVIVÊNCIAS NO TRABALHO DOMÉSTICO DE CASEIROS NEGROS DO ESPÍRITO SANTO
Nome: ANDERSON SOUZA DOS SANTOS
Data de publicação: 19/10/2023
Banca:
Nome | Papel |
---|---|
JOSIANE SILVA DE OLIVEIRA | Examinador Externo |
JULIANA CRISTINA TEIXEIRA | Presidente |
RUBENS DE ARAUJO AMARO | Examinador Interno |
Resumo: Inserindo-se na discussão sobre heranças do colonialismo presente nas estruturas do trabalho doméstico no Brasil, este estudo visa a produção de uma pesquisa que tem como objetivo descrever colonialidades inscritas nas falavivências do trabalho doméstico de caseiros negros do Espírito Santo. Para isso, o estudo se apoia em categorias teóricas que sustentam o debate no campo das Ciências Sociais, com destaques e aproximações ao campo das teorias das organizações, que abordam a raça/etnia, masculinidades e colonialidades. A partir de leituras que versam sobre as relações raciais na sociedade e seus desdobramentos no trabalho, em especial, o trabalho doméstico, passamos à problematização do objeto em questão, que se sustenta tendo em vista a realidade social que marca homens negros e suas vivências precarizadas no mundo do trabalho. Dessa forma, o referencial teórico parte da compreensão do quanto as marcas coloniais se fazem presentes na vida e no trabalho desses sujeitos, que são associados pelo racismo ao estereótipo de violentos, brutos, malandros, insolentes, incapazes e outros termos pejorativos produzidos no contexto de relações coloniais e patriarcais características de um eurocentrismo ocidental. Como pressupostos, estudos que caracterizam as heranças colonialistas que se aproximam de práticas características do escravismo, e ganham fôlego nas relações de trabalho, em especial de pessoas negras. Metodologicamente desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa, que envolveu as escrevivências do próprio autor (conceito de escrevivências de Conceição Evaristo), a produção de diários de campo para a apreensão das falavivências de caseiros negros, considerando neste processo a inspiração na tradição da oralidade africana. Há neste estudo uma contribuição que se soma aos esforços de pesquisadores da área das Teorias Organizacionais acerca do trabalho doméstico e sua racialização, dois temas ainda secundarizados no campo da Administração. Os resultados permitiram constatar os resquícios das colonialidades do ser, saber e poder que marcam as vivências e se encobrem na naturalização do lugar do homem negro na sociedade e no mundo do trabalho.