Quando a interação faz parte do negócio : a construção da vida organizacional cotidiana vista pela lente das sociabilidades

Resumo: A questão central a ser respondida com este projeto é a seguinte: como a sociabilidade organizacional revela a construção da realidade em organizações nas quais a interação social é um dos principais atrativos aos seus integrantes e clientes? Tenciona-se desvendar como os modos de sociabilidade organizacional são dimensões essenciais para que se compreenda a construção da realidade organizacional, especialmente nas organizações nas quais a interação com outros sujeitos é um dos principais atrativos aos seus integrantes e/ou clientes, como, por exemplo, bares, boates, cafeterias ou cafés, clubes, feiras, festivais, entre outros. O objetivo geral é: compreender o uso das sociabilidades organizacionais para revelar a construção da vida cotidiana em organizações nas quais a interação social é um dos principais atrativos a seus integrantes e clientes. Foram elaborados os seguintes objetivos específicos: (1) identificar práticas cotidianas dos sujeitos presentes nas organizações selecionadas para estudo; (2) reconhecer e identificar aspectos simbólicos que evidenciem as sociabilidades organizacionais que se dão nas organizações estudadas; (3) relacionar as práticas cotidianas aos aspectos simbólicos identificados, interpretando a construção da realidade organizacional por meio de práticas interativas de sociabilidade. Contemporaneamente e em tendências crescentes, organizações tornam-se espaços de sociabilidade, é possível perceber tal fenômeno por meio da união entre lazer, cultura e consumo. Tal união faz com que esses elementos estejam cada vez mais inseparáveis cotidianamente, constituindo hábitos, práticas e significados (TASCHNER, 2000), em uma realidade vista como socialmente construída (BERGER e LUCKMANN, 2004). A noção de cotidiano aqui é inspirada nas contribuições de autores como Certeau (2003), Certeau, Giard e Mayol (2002), Heller (2004) e Goffman (2011). A partir do olhar interposto para essas organizações que, cotidianamente, são construídas por modos de sociabilidade, e que, por seu intermédio, seguem atraindo mais integrantes, pode-se trazer a sociabilidade organizacional de categoria periférica a central na compreensão de determinados fenômenos contemporâneos. Nesse ínterim, é importante destacar a importância da problematização do conceito de sociabilidade, que não é consenso entre os pesquisadores. Muitos partem da definição apresentada inicialmente por Simmel (2010), mas percebe-se uma tendência a se considerar a sociabilidade como um fenômeno mais amplo (LEITE, 2006). O conceito considerado clássico de sociabilidade foi ressignificado, passando a inserir-se em uma perspectiva empírica e significando uma consideração de modos, padrões e formas de relacionamento social concreto em contextos de interação e convívio social (FRÚGOLI, 2007). No campo dos Estudos Organizacionais (EO), há espaço para desenvolverem-se estudos acerca das sociabilidades nas organizações (FANTINEL, CAVEDON e FISCHER, 2012). Ao entender-se a organização como construção social dinâmica, formada a partir das interações cotidianas dos sujeitos e constantemente reconstruída por elas, a visão aqui exposta se alinha a uma tentativa de compreensão das organizações “como elas acontecem” (SCHATZKI, 2006). Para as organizações que serão objetos empíricos deste estudo, nas quais o fenômeno da sociabilidade é um dos atrativos e um dos motivos de sua existência, é importante entender que o processo de construção dos laços sociais contemporâneos se dá de maneira ambígua e complexa, o que implica diferentes respostas ao pensar sua gestão. Foi selecionada para o estudo a estratégia qualitativa de pesquisa, com o uso de técnicas de coleta de dados como observação, pesquisa documental e entrevistas. Para a análise dos dados de campo, a técnica utilizada será a análise de conteúdo (KRIPPENDORFF, 1990). Foram selecionadas, inicialmente, quatro organizações como loci empíricos de desenvolvimento das pesquisas, localizadas em duas cidades diferentes. Espera-se que as contribuições científicas desta proposta ocorram em dois pilares básicos: teoricamente, pretende-se discutir e problematizar aspectos que não são comumente analisados nos EO, como o próprio conceito de sociabilidade como categoria central para a compreensão de determinados espaços urbanos; na dimensão da gestão, pretende-se oferecer questões importantes para a tomada de decisão nas organizações em que se constroem laços sociais contemporâneos.

Data de início: 01/12/2014
Prazo (meses): 36

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Aluno Mestrado EDUARDA CRICCO MIRANDA BARCELOS GRIPP
Aluno Mestrado FABIANA FLORIO DOMINGUES
Coordenador LETICIA DIAS FANTINEL
Pesquisador ALFREDO RODRIGUES LEITE DA SILVA
Acesso à informação
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