E COMÉ QUE A GENTE SOBREVIVE? A GENTE SEGURA A MÃO UMA DAS OUTRAS”: O ASSÉDIO SEXUAL NA PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO NUMA PERSPECTIVA AFROCÊNTRICA

Nome: LUANA SODRÉ DA SILVA SANTOS

Data de publicação: 27/11/2023

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA PAULA RODRIGUES DINIZ Examinador Externo
JOSIANE SILVA DE OLIVEIRA Examinador Externo
JULIANA CRISTINA TEIXEIRA Presidente
KATIA CYRLENE DE ARAUJO VASCONCELOS Examinador Interno
LETICIA DIAS FANTINEL Examinador Interno

Resumo: As mulheres negras que ocupam os ambientes acadêmicos, no que se refere
ao ensino e pesquisa, enfrentam percalços que influenciam o ingresso e a
permanência delas como produtoras de conhecimento e profissionais da
educação. Dentre esses percalços, destaca-se o assédio sexual, uma violência
de gênero patriarcal que fere a integridade da vítima, ao capturar a autonomia
das mulheres enquanto sujeitas. Por serem tratadas como seres sem
subjetividades, seus corpos são reduzidos a objetos sexuais, sendo
subjugados e violentados pelos homens. Em específico, as mulheres negras
são atravessadas por questões raciais que aponta a necessidade de ampliar o
conceito de assédio sexual. Por isso, para além do que é conhecido no campo
jurídico, é feita uma discussão sociológica, a partir dos conceitos de
cosmopercepção e cosmovisão das teorias afrocêntricas, para priorizar outros
sentidos que não a visão e considerar o sujeito mulher negra como um coletivo.
Além disso, autores africanos e afrodiaspóricos são utilizados para resgatar a
autonomia e a humanidade das mulheres negras na pós-graduação, e pensar
em outros modos de ser e viver que não eurocêntricos. Na academia
predominantemente branca e masculina, a literatura indicia que elas são
confrontadas por construírem um conhecimento contra hegemônico. Episódios
de racismo e sexismo são encontrados para interditá-las, inferiorizá-las e
descredibilizá-las. Como caminho metodológico, a falavivência, baseada na
noção de Escrevivência de Conceição Evaristo, foi utilizada para, por meio da
oralidade, conhecer como elas vêm experenciando as suas trajetórias
acadêmicas no campo da Administração. Conversas com líderes da área
acadêmica de Administração também foram realizadas para conhecer o que as
instituições vêm fazendo sobre o assédio sexual em seus espaços. As
falavivências mostraram as adversidades que é permanecer num espaço onde
não se é bem-vinda. Destaca-se que, dentre as violências encontradas, os
epistemicídios e silenciamentos, o assédio sexual atribuído ao sexo, e as
vinculações com os estereótipos de mulata, mãe preta e doméstica, foram
relatadas por elas e, de forma articulada ou isolada, tinham o objetivo de
posicioná-las na zona do não ser, e provocando feridas tanto visíveis quanto
invisíveis. Em contrapartida, foram observadas estratégias de sobrevivências,
pautadas na coletividade, que as fazem continuar e reivindicar o espaço que
também é delas. O quilombo se mostra como um caminho para resgatar a
possibilidade de autoconhecimento e de autodefinição. Nesta tese, a
falavivência possibilitou o carinho e o acolhimento com as participantes,
incluindo com a pesquisadora. Sentimentos estes comentados por elas, e
sentidos por meio das conversas. O cuidado, acolhimento e o “colo” subvertem
a lógica violenta do que é esperado delas, e possibilitam a construção de uma
outra mulher negra dona de seu corpo, de seus anseios e desejos. Por fim, o
conceito de assédio sexual ao ser ampliado, consegue dar conta das violências
que elas sofreram. E a tese, ao articular com a afrocentricidade, deu outras
possibilidades de ser uma mulher amefricana.

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