\"Fazendo do limão uma limonada sofisticada” - generificação e racialização do cozinhar/comer de gestoras negras no (re)organizar do espaço periférico

Nome: ANDIARA ROSA DOS SANTOS BORSATTO
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 04/11/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
LETICIA DIAS FANTINEL Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALFREDO RODRIGUES LEITE DA SILVA Examinador Interno
JOSIANE SILVA DE OLIVEIRA Examinador Externo
LETICIA DIAS FANTINEL Orientador

Resumo: Esta pesquisa objetivou compreender a (re)organização dos espaços periféricos
no contexto de perturbações do cotidiano a partir das dinâmicas de generificação e racialização das práticas do cozinhar/comer. O quadro teórico de referência parte da teoria da prática com foco na gestão ordinária e práticas cotidianas. Foram captadas narrativas de gestoras ordinárias negras, posteriormente analisadas com o uso da técnica denominada dialógica narrativa, buscando dialogar com as vozes que contribuíram com a pesquisa, que são as sujeitas ordinárias e também com as/os leitoras/res, assumindo que a intersubjetividade e a reflexividade compõem as análises. Os achados de pesquisa evidenciaram a cozinha como espaço organizativo central para compreensão das periferias, ainda que por vezes invisibilizado e silenciado; a apreensão heterogênea do saber-fazer culinário; a articulação dinâmica entre práticas do tipo táticas e estratégicas para fins de sobrevivências. Essas
práticas vão desde a mobilização de espaços domésticos para geração de renda, a empregabilidade de familiares e amigas da comunidade até o fortalecimento de redes de sociabilidades com familiares, amigas e vizinhas que formam a clientela. As narrativas ainda evidenciaram que a pandemia não se constituiu como fenômeno extraordinário no cotidiano dos espaços periféricos, mas sim mais uma fissura envolta a tantos outros dissabores. Empiricamente, este estudo contribui ao mostrar que o organizar nas periferias e favelas é tão heterogêneo quanto o são os espaços experienciados e produzidos cotidianamente. Teoricamente, as contribuições se dão na constatação de que as práticas produzem espaços híbridos que mesclam o privado com o público e a sociabilidade com negócio. Além disso, o organizar se mostra como uma prática situada e constituída pelas categorias analíticas de gênero, raça e classe. Nesse sentido, a neutralidade considerada na maior parte dos estudos da área da Administração é falha porque o organizar está imbricado nos corpos e nos espaços. Há um avanço então, da compreensão dos entrecruzamentos da plasticidade de espaços periféricos e centrais, tendo as dinâmicas de racialização e generificação atravessando esses espaços.

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