Aprendizagem e Competências em Contextos Organizacionais e Educacionais

Resumo: A partir da última década do século passado, os temas "aprendizagem" e “competências” emergiram com bastante vigor nos estudos organizacionais e nos discursos empresariais. Essa emergência levou diversos autores brasileiros e internacionais a identificar um movimento que abrigou um conjunto de crenças e de práticas a respeito da organização, no contexto empresarial, das ações de treinamento, de desenvolvimento e de educação. Esse “movimento” pode ser caracterizado pelo foco na gestão eficiente da aprendizagem e do desenvolvimento da competência de profissionais. Esse movimento ganhou a partir dos anos 1990 e suas causas costumam ser atribuídas às profundas mudanças no modelo de acumulação capitalista e na estrutura e organização do trabalho das organizações. Essas mudanças costumam ser chamadas de acumulação flexível e reestruturação produtiva, respectivamente (HARVEY, 1996; SALERNO, 1999). No âmbito dessas transformações econômicas, sociais e tecnológicas, o conhecimento passou a ocupar um lugar central na sociedade, por ser considerado o principal gatilho para as inovações que, segundo alguns autores, sustentam a nova economia (CASTELLS, 1999). Nesse contexto, produzir, aplicar e transferir conhecimentos entre seus trabalhadores se tornou fundamental para a sobrevivência e crescimento das organizações. Muitas organizações passaram a se envolver com processos de transferência de conhecimentos que, para alguns autores, implicaria na capacidade de codificá-los. E isso não seria uma tarefa fácil para as empresas, pois um percentual desse conhecimento é classificado como tácito. Isso quer dizer que é difícil de ser transmitido e codificado, pois muitas vezes se acha ligado à experiência de vida dos indivíduos (FLEURY; FLEURY, 2004). Diante desse novo contexto de trabalho, passou a ser fundamental definir um novo perfil de trabalhador. Em lugar de um indivíduo cumpridor de padrões previamente determinados, passou-se a exigir um trabalhador com maior capacidade de diagnosticar e solucionar problemas relacionados à sua atividade (HIRATA, 1994). O entendimento prático das situações, as capacidades de assumir responsabilidade, de tomar iniciativa e de mobilizar uma rede de atores em torno da solução de problemas complexos passaram a ser consideradas características importantes da nova força de trabalho. Nesse sentido, as organizações passariam a assumir um importante papel no desenvolvimento da competência profissional dos indivíduos (ZARIFIAN, 2001). A noção da competência surgiu como uma alternativa mais adequada para a gestão eficiente do desenvolvimento profissional. Essa noção passou a compor não apenas as estratégias das grandes corporações, mas também o novo ideário da área de educação de diversos países. No Brasil, apesar das críticas de que o ensino estaria se subjugando à lógica do mercado em um contexto de um capitalismo neoliberal (RAMOS, 2002), defendeu-se a passagem da educação para um modelo em que a competência assumiu uma posição central na organização curricular. Essas mudanças materializaram-se a partir da Lei n° 9.394/96, que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, e na legislação que organizou o Sistema Nacional de Educação. A partir dessa nova concepção, as universidades brasileiras iniciaram um processo de reformulação de seus projetos pedagógicos. A ideia era romper com os paradigmas da educação conteudista e institucionalizar uma pedagogia com ênfase nas competências. Esse contexto de transformação nas empresas e nas instituições de ensino é que são o foco desse projeto de pesquisa.

Data de início: 13/05/2014
Prazo (meses): 24

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador RUBENS DE ARAÚJO AMARO
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